top of page

Crítica:

333

0

Vitória

É incrível e ao mesmo tempo inspirador ver “Fernanda Montenegro” levando um filme inteiro nas costas com 95 anos de idade. É exatamente o que essa atriz, em que considero umas das melhores do Brasil, faz com o seu novo longa: “Vitória”. Esse filme já vem com uma grande promessa de lançamento desde o ano passado, mas esperou as repercussões do “Oscar” com “Ainda Estou Aqui” para depois marcar a sua data nos cinemas. Chega há exatamente duas semanas após a Cerimônia da Academia, digamos que “surfando na mesma onda” do novo hype dos brasileiros: Seus próprios filmes.

Vitória (Fernanda Montenegro) é uma senhora solitária que, aflita com a violência que passa a tomar conta da sua vizinhança e em conflito com os vizinhos, começa a filmar da janela de seu apartamento. A idosa registra a movimentação de traficantes de drogas da região durante meses, com a intenção de cooperar com o trabalho da polícia. A atitude consegue chamar a atenção de um jornalista, que faz amizade com Vitória e tenta ajudá-la nessa missão.

Embora a própria obra literária na qual o filme se baseia nos trás uma personagem negra e essa troca de etnias (digamos assim) para Montenegro vem para priorizar a atuação excepcional da atriz. Claro que algumas coisas irão ficar de fora, como, por exemplo, o racismo que a personagem da vida real sofreu. Foram sacrifícios que a trama cinematográfica teve que “oferecer” a fim de priorizar a atuação de Montenegro, sem contar que o diretor é o genro dela, esposo de Fernanda Torres, ou seja, estão todos em família, se eu estivesse no lugar dele faria o mesmo. Só tenho problemas quanto a duração desse filme, poderia ser um pouco mais enxuto. Creio que ele se arrasta bastante do segundo para o terceiro ato.

Quando o longa tenta focar mais na trama do tráfico de drogas e na complicada “Proteção a testemunha” ele tira do foco de Montenegro para valorizar seus coadjuvantes, a qualidade do longa começa a cair um pouco. Existem dramas pessoais da protagonista que poderiam ser mais valorizados do que todo o thriller criado quanto ao tráfico de drogas. São escolhas que, em minha opinião, tiram a qualidade da trama. Montenegro apenas contando a história do passado de sua personagem, numa simples mesa com café, já nos emociona muito, isso deveria ser mais bem explorado em detrimento de algumas subtramas. Quando o assunto é “Fernanda Montenegro” o máximo que pudermos extrair de sua atuação, melhor, e quem extrai atuação é o diretor nisso Waddington não é tão cirúrgico quanto Walter Salles, por exemplo.

Joinhas:

4

Por:

@eduardomontarroyos

2 Lados Online © 2014-2024. Created by Rafael Carvalho

bottom of page