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Predador - Terras Selvagens
Se você não está a par dos cinco filmes principais da franquia Predador, nem dos dois crossovers com Alien, e está com receio de assistir ao novo Predador: Terras Selvagens (título original - Predator: Badlands) achando que vai se perder na trama, pode relaxar. Eu mesmo só vi dois dos sete e consegui me divertir. O enredo é, aparentemente, independente dos anteriores. Agora, se você é aquele fã raiz, que conhece cada detalhe do universo Yautja e reconhece as referências cruzadas entre os filmes, peço paciência, pois acredito que você faça parte de um grupo seleto de amantes desta série - e não, este não sou eu.
O longa começa com duas frases que resumem o modo de vida dos guerreiros Yautjas: orgulho pela caça e força acima de tudo. Logo na primeira cena, acompanhamos um duelo entre dois caçadores - uma espécie de ritual para provar a aptidão do desafiante. Dek (Dimitrius Schuster-Koloamatangi), o protagonista, ainda não possui as habilidades exigidas pelo chefe do clã, o que coloca sua vida em risco. Entre os Yautjas, o elo fraco precisa ser eliminado. Tentando provar seu valor, ele decide enfrentar o Kalisk, uma presa lendária jamais abatida por seu povo. Fugindo de seu pai e com a difícil missão de abater aquele que pode ser seu fim, Dek chega ao planeta Genna na nave de seu irmão. Contudo, um acidente o separa da maior parte de suas ferramentas de combate, deixando-o com poucos recursos em uma floresta totalmente hostil - aquele “nerf” básico para adicionar dificuldades ao início da “main” quest. Assim se estabelece a inversão de papéis: o predador luta para não se tornar a presa.
Depois de uma perseguição intensa, Dek é forçado a deixar o orgulho de guerreiro solitário e se aliar a Thia (Elle Fanning), uma ciborgue danificada pelo Kalisk. Reduzida à metade superior do corpo, ela precisa ser carregada – literalmente - como uma “mochila de ferramentas”. Com a nova integrante no squad, o protagonista desbrava as terras selvagens, aprendendo a sobreviver com poucos recursos e superando as adversidades. Durante a busca por alimento, um primata local - quase uma mascote - se junta à dupla, adicionando o alívio cômico da trama.
Pontos positivos
• A direção de fotografia fez um bom trabalho. A ambientação criada pelos efeitos visuais é bem convincente.
• A trilha sonora marca bem as cenas de ação montando uma atmosfera envolvente nos combates.
• A personagem do Predador passa a maior parte da trama sem seu icônico capacete exibindo sua tão exótica e amedrontadora face. Contudo este ponto pode ser controverso para os fãs que preferem o Predador full plate.
• Dek fica sem ferramentas de combate e passa a caçar utilizando o ambiente e os recursos naturais como armas repetindo a elogiada fórmula utilizada no primeiro filme da franquia. É fan service? Sim, mas eu gostei.
Pontos negativos
• Alívio cômico desnecessário. Ao que parece há uma “Mavelização” do filme adicionando uma pitada de humor ao terror esperado pelos fãs.
• Faltou mais gore. A principal arma de Dek utiliza lazer no fio gerando um corte cauterizado. Mesmo no momento mais emblemático da caça - o de cortar a preza ao meio e retirar sua coluna vertebral - a cena torna-se brochante por falta de sangue na tela. Predador Nutella.
• Com a Thia e o pet no grupo do Yautja foi adicionada uma pegada mais sentimental e sensível enfatizando a preocupação e cuidado com os parceiros. Dek deixa de ser aquele implacável e voraz caçador.
• Arco de vingança no ato final foi mal desenvolvido e muito “rushado” por falta de tempo. A luta que deveria ser mais emblemática foi subaproveitada.
Vale o ingresso?
Em linhas gerais, Predador: Terras Selvagens é um filme pipoca: segue a jornada clássica do herói e entrega ação suficiente para entreter. Não reinventa a roda, mas também não envergonha a franquia. Se você está com um tempinho livre, grana sobrando e nada “hypado” no radar, vale sim conferir - de preferência em uma sala com bom som e imagem. A experiência visual segura a diversão, mesmo que o roteiro não morda com tanta força quanto o velho Predador de 1987.
Joinhas:
3
Por:
@fatnandosena