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O Auto da Compadecida 2
Esse foi o ano das “continuações”, o cinema tem investido muito em projetos que já deram certo no passado porque para eles é como se estivessem andando no seguro. Algumas deram muito certo (Duna, Divertidamente, Doadpool e Wolverine, Gladiador) outras foram verdadeiros fiascos (Coringa, Furiosa, Godzilla vs. Kong). “O auto da compadecida 2” é mais um exemplo de que nem sempre “navegar em águas seguras” pode dar certo. Esse é, de longe um dos maiores fracassos deste fatídico ano.
Depois de 20 anos desaparecido, João Grilo retorna à pequena Taperoá para se juntar ao seu velho companheiro Chicó. Acontece que agora ele é recebido como uma celebridade na cidade. Afinal, reza a lenda que havia sido morto por bala de espingarda e ressuscitado após um julgamento que tinha o Diabo como acusador, Nossa Senhora como defensora e o próprio Jesus Cristo como juiz.
É incrível e triste como nada nesse filme realmente funciona. O cenário totalmente robotizado, com características teatrais, isso atrapalhou muito a minha experiência no filme. As escolhas criativas para os personagens são exatas cópias do primeiro filme. Este longa é uma homenagem mal escrita do primeiro filme, os próprios “João Grilo” e “Chicó” parecem ser mais caricaturas de suas antigas atuações do que os personagens autênticos que vimos no primeiro longa. É impossível não compararmos essa obra com a primeira, até porque a disparidade de qualidade é absurda. Escolher montar um cenário totalmente artificial ao invés de viajarem e gravarem na original “Taperoá” onde foi filmado na Paraíba é uma grande escolha ruim. Realmente eu não sei como uma equipe toda achou que isso iria ficar mais autêntico e inovador.
Os personagens novos servem apenas para substituir os antigos, eles têm as mesmas personalidades. Mas não para por aí, todas as ações do filme, texto e até subtextos são iguais ao primeiro filme, o terceiro ato é simplesmente uma uma cópia, sabemos o que vai acontecer, como vai acontecer até as falas são iguais. Não existe nada de novo, poríamos ficar com o primeiro longa e termos nos poupados de simplesmente assistir a mesma história só que com os atores mais velhos. A caracterização específica de “Chicó” é bem “forçada”, Selton Melo é muito bom no que faz, e só ele poderia dar continuidade a esse personagem, mas sua caracterização está muito ruim...Não tínhamos um Chicó “musculoso” e até com bronzeamente artificial no primeiro filme.
O filme é uma peça filmada e isso é muito ruim pois engana o seu público. Pelo menos divulgassem que esse trabalho era simplesmente uma dramaturgia cênica filmada para o cinema. Isso iria ser mais honesto. Pra mim é um dos maiores erros do ano. E se os boatos de que “Lisbela e o Prisioneiro 2” forem reais, provavelmente teremos outro desastre pela frente. Se for para seguir essa mesma ideia, eu espero que nada saia do papel.
Joinhas:
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Por:
@eduardomontarroyos