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Drácula - Uma História de Amor Eterno

O clássico Drácula, publicado em 1897 pelo autor irlandês Bram Stoker, é considerado uma das obras fundadoras do gênero de horror gótico e um marco na literatura sobre vampiros. Desde sua publicação, Drácula inspirou diversas adaptações cinematográficas, algumas delas bem recentes, mas quase todas sem sucesso. Assim, mais uma vez, assistimos uma releitura para os cinemas, sob autoria – e bota autoria nisso – de Luc Besson. Mas, será que finalmente conseguiram?

Em Drácula - Uma História de Amor Eterno a trama se desenrola após a morte de Elisabeta, esposa de um príncipe no século XV, que renuncia a Deus e se transforma em vampiro. Séculos depois, em Londres no século XIX, durante a Belle Époque de Paris, este homem, agora conhecido mundialmente como Drácula, encontra uma mulher que lembra estranhamente sua falecida e amada esposa. Então, ele decide persegui-la, pois acredita que ela possa ser uma reencarnação de Elisabeta, e assim ele sela seu próprio destino. Aqui já digo para tomar cuidado com as expectativas, pois a premissa do filme parece ser a mesma, mas não é bem assim.

Como o próprio subtítulo sugere, repetindo o péssimo hábito do cinema moderno de tentar explicar a obra, o filme está longe de horrorizar alguém ou pelo menos, me pareceu que não. A ideia aqui é apresentar a história que já conhecemos a partir da visão do diretor (muito falada hoje em dia), que nesse caso é Luc Besson, o mesmo de Lucy (2014) e DogMan (2023). Besson traz aqui uma adaptação que converge totalmente para o romance melodramático, com toques de terror ali e aqui. Dito isso, não espere pular da cadeira com sustos de qualquer tipo, pois os poucos que tem servem mais para lembrá-lo de que ainda estamos falando do Drácula e não tem força o bastante para assustar.

Indo para o que eu realmente considero positivo, devo dizer que o trabalho de Luc Besson como diretor é extremamente cativante. Nessa releitura, vemos como a direção do cineasta funciona para pôr em tela sua interpretação da obra original, principalmente nos primeiros minutos do filme e durante o seu encerramento, momentos em que ela mais demonstra força ao meu ver, com cenas muito bem conduzidas e filmadas. Não que ele não mantenha isso durante toda a produção, mas aqui ele também demonstra habilidade narrativa, fazendo com que elas não apenas funcionem bem por si só, como sejam, em conjunto, um contraponto simbólico entre o início e fim dessa trajetória. Infelizmente, não posso dizer o mesmo do resto dela.

Besson, que também escreve o roteiro, desliza quando procura inventar demais para agradar a si mesmo e seus fetiches visuais. Não irei dar spoilers aqui, mas posso dizer que o meio do filme perde muito tempo traçando cenas “perfumadas”, ou seja, visualmente belas, mas sem nenhuma substância. Ele até tenta se apoiar na boa atuação de Caleb Landry para dar algum significado a elas, mas acaba não gerando o efeito que ele gostaria. Dessa forma, acaba que o longa desacelera demais em alguns momentos e acaba perdendo o ritmo inicial, que só volta quando se aproxima do final. Pelo menos, ele acertou nas cenas em que sua escrita é mais contida, como as que envolvem o padre de Christoph Waltz, que cumpre o seu papel narrativo e ainda dá fôlego a um diálogo bem interessante entre ele e o Drácula de Landry.

O romance em si é funcional e Zoe Bleu entrega o que precisa para fazer o casal ter química, por mais que não tão bem quanto Caleb Landry, já o resto do elenco, que opto aqui por nem citar, é mediano e apenas faz o seu trabalho. Os outros aspectos técnicos, como o design de produção e trilha sonora, são de elogiar e importantes para auxiliar o trabalho de Luc Besson. No geral, Drácula – Uma História de Amor Eterno é um filme bem produzido, carregado pelo protagonista bem encarnado e uma direção visualmente estonteante, mas que perde pontos no desenvolvimento de sua escrita e acaba por entregar um romance bonito, mas meio arrastado, que poderia ter um ritmo melhor se não fosse os excessos de Luc Besson.

Joinhas:

3

Por:

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