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Anora
“Anora” chega nessa temporada de premiações como um dos filmes principais, pelo menos na lista dos indicados. Já tivemos uma grande surpresa, pois o filme foi bem “esnobado” no Globo de Ouro 2025. Entretanto existem ainda várias premiações onde o longa está indicado e tudo indica que tenha algumas indicações ao Oscar no próximo dia 23 (inclusive será o dia de sua estreia aqui no Brasil).
O novo trabalho de “Sean Baker” acompanha uma trabalhadora do sexo da região do Brooklyn, nos Estados Unidos. Em uma noite aparentemente normal de mais um dia de trabalho, a garota descobre que pode ter tirado a sorte grande, uma oportunidade de mudar seu destino: ela acredita ter encontrado o seu verdadeiro amor após se casar impulsivamente com o filho de um oligarca, o herdeiro russo Ivan (Mark Eidelshtein). Não demora muito para que a notícia se espalhe pela Rússia e logo o seu conto de fadas é ameaçado quando os pais de Ivan entram em cena, desaprovando totalmente o casamento. A história que ambos construíram é ameaçada e os dois decidem em comum acordo por findar o casamento. Mas será que para sempre?
Diferente dos outros, esse trabalho divide-se em dois grandes atos. Baker trabalha com várias faces do caos: Na primeira parte temos um caos de adrenalina e sexo e em seguida um caos de muitos diálogos e escândalos. Sua linha narrativa é muito envolvente, ficamos vidrados do início ao fim. Mas a apelação sexual é muito forte. Nós chamamos de “sexo gratuito”, não tinha motivo para tantas sequências de sexo, apenas para nos informar que eles estavam fazendo isso. Tal apelo me faz pensar que não temos histórias tão vibrantes para o Oscar deste ano (isso é um lampejo de esperança para “Ainda estou aqui”), pelo menos em comparação ao ano passado, o filme ter levado a “Palma de Ouro em Cannes” é bem impressionante.
Não que este longa não tenha qualidade visual para tal. Entretanto seus apelos são um tanto ‘perturbadores’. É um longa bastante intenso, também muito preciso ao tratar de pessoas a margem da sociedade americana, “destrói” o mito “sonho americano”. O diretor (que também assina o roteiro) trabalho muito com quebra de expectativas, principalmente numa resposta final da protagonista, quando simplesmente, com todos os direitos de dar a volta por cima e ganhar pelo menos alguma coisa daqueles que a arruinaram, simplesmente opta por não fazer. Mais uma vez temos a retratação do rico poderoso com todas as forças para destruir a vida dos marginalizados. Afinal, ela não pediu para entrar nesse “Conto de fadas”, se é que podemos chamar assim. Tirem suas próprias conclusões.
Joinhas:
2
Por:
@eduardomontarroyos