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Crítica:
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A Substância
Eu não sou muito fã do “terror corporal”, acho eles muito “perturbados” em sua composição, entretanto resolvi dar uma chance para “A substância”, pois a repercussão desse filme após a temporada de festivais desse ano foi absurda. Sem contar que temos um elenco de peso: ‘Demi Moore’ e a jovem atriz ‘Margaret Qualley’ estão muito bem em seus respectivos papeis.
O interessante e mais atrativo deste trabalho é você assisti-lo sem nem ter visto nenhum trailer e ainda sem ler nenhuma sinopse do filme, isso deixa a nossa experiência mais interessante. Caso nem queira saber do que se trata este filme, eu sugiro parar agora esta crítica, e voltar quando já tiver visto o filme.
Em A Substância, Elisabeth Sparkle (Demi Moore) é uma celebridade em declínio que enfrenta uma reviravolta inesperada ao ser demitida de seu programa fitness na televisão. Desesperada por um novo começo, ela decide experimentar uma droga do mercado clandestino que promete replicar suas células, criando temporariamente uma versão mais jovem e aprimorada de si mesma. Agora, a atriz se vê dividida entre suas duas versões (Margaret Qualley), que devem coexistir enquanto navegam pelos desafios da fama e da identidade. "Já sonhou com uma versão melhor de si mesmo? Você. Só que melhor em todos os sentidos. De verdade. Você precisa experimentar este novo produto, A Substância. MUDOU A MINHA VIDA. Ele gera outro você. Um você novo, mais jovem, mais bonito, mais perfeito. E há apenas uma regra: vocês dividem o tempo. Uma semana para você. Uma semana para o novo você. Sete dias para cada um. Um equilíbrio perfeito. Fácil, certo?"
A direção de “Coralie Fargeat” é muito eficiente, esse é apenas o seu segundo trabalho no cinema e já temos um grande destaque. O longa foi comprado pela “Mubi” e no Brasil distribuído pela “Imagem Filmes”, ou seja, grandes produtoras, porém as mais simples dentre as “poderosas” do mercado, entretanto a repercussão do filme foi monumental. Já é, de uma forma arrasadora, o filme mais visto da “Mubi”. A relação entre as duas personagens, o debate e a repercussão que o longa nos mostra é muito bem construído, da fotografia ao roteiro. Também a forma como “A substância” nos é apresentada, me lembrou os produtos minimalistas da “Apple”, não sei se essa crítica e analogia foram propositais. A forma claustrofóbica como ‘Fargeat’ enquadra seus planos é simplesmente condizente com o roteiro inquietante da obra.
Não podemos terminar essa crítica sem falar do seu final (o terceiro ato): A escala proposital que esse filme toma é simplesmente a fim de subverter qualquer expectativa. Todo o exagero que o filme proporciona no melhor estilo “Tarantino” é para dar exatamente o que o público do filme quer daquela imagem perturbadora que eles estão vendo: Se o público quer sangue, é isso que Fargeat exatamente vai dar, só que a escala é simplesmente exagerada e proposital. É tudo tão exagerado que o próprio público (agora somos nós) se pergunta se tudo aquilo é necessário. Mas devemos entender quais são as consequências drásticas de abusar da “substância”. E isso nos é avisado, assim como para a protagonista, desde o início. “A substância” é autêntica e muito inovador, um dos melhores trabalhos do ano e merece nossa total audiência.
Joinhas:
5
Por:
@eduardomontarroyos